quinta-feira, julho 07, 2005

Cantinho Espírita

AMOR E CARÊNCIA


Algumas pessoas se unem a outras por carência afetiva ou por medo de ficar só. O amor é mascarado pela necessidade de preencher um vazio deixado por motivos ligados à infância ou ao passado espiritual da criatura. Nesses casos, quando a carência é suprida e vem a maturidade psicológica, um deles, ou os dois, estando em crise, geralmente descobrem que não havia amor entre si.
Nem sempre quando o parceiro preenche as necessidades sociais e culturais do outro, pode-se afirmar que isso é amor. Casar ou unir-se a alguém pode ocorrer por “imposição” cultural. Por vezes casa-se por que todo mundo casa, porque os pais se casaram, os avós, o vizinho e também por imaturidade psicológica.
Alguns procuram um parceiro para não ficarem sós, por não saberem viver na solidão sexual ou emocional. Necessitam de alguém para companhia, para sentirem-se amparados e cuidados, para terem filhos, para não ficarem sós na velhice.
Há também a procura do parceiro por necessidade sexual, para permutar energia, para obter prazer, descarregar seus desejos reprimidos. São diversos os motivos pelos quais se procuram um parceiro.
As decepções e abandonos sofridos na infância, as perdas acumuladas e não elaboradas, podem fazer com que as pessoas se liguem uma às outras, na expectativas da satisfação inconsciente de solucionar aqueles conflitos.
A carência do amor está presente na criatura humana e ela muitas vezes, busca-o para satisfazer um outro nível de necessidade. Algumas expectativa não atendida num período de sua vida vai ensejar a necessidade futura.
Amar e ser amado é o desejo de toda criatura, porém tal equação tem sido resolvida de forma dolorosa. É realmente dolorosa uma existência sem amor. Intimamente temos a necessidades de nos sentirmos unidos a alguém que possa servir como catalisador de nossas emoções. Necessitamos ser tocados, afagados, para nos sentirmos vivos. Quem não sente falta de uma companhia nas horas de solidão e de angustia? Principalmente uma companhia amiga que nos devolva o que lhe oferecemos.
Se a solidão e a carência estão minando-lhe as forças de forma persistente, investigue a fundo sua consciência procurando descobrir em você, quais os aspectos que podem ser transformados para facilitar seu encontro com outro.
Muitas vezes transformamos nossas vidas em experiências de dores sucessivas por inabilidade para nos relacionarmos adequadamente. O autoconhecimento e a percepção de si mesmo favorece as mudanças que se fizerem urgentes.
Se a saudade fizer aumentar a carência, não olhe para o passado que não mais retorna, mas para o futuro ditoso que nos aguarda, fruto do amor que dedicamos à Vida.
A carência não resolvida pode nos levar à doença. Pode permitir em nós a instalação de processo agressivos ao corpo. O antídoto é o amor pelos que não têm amor. O corpo é um vaso reflexivo do psiquismo que o usa. Entendê-lo como caixa de ressonância nos permitirá decifrar os mecanismos da mente que dela se utiliza.
A procura pela satisfação, a qualquer preço, das carências instintivas, pode levar o individuo à obsessão e insatisfação constantes. A carência em excesso conduz a comportamentos desagradáveis, pois coloca sobre o outro uma elevada exigência de provas de amor que acabam por sobrecarregá-lo, ensejando o rompimento dos laços afetivos.
Se você se encontra sob o signo da carência sexual, não permita que sua união se dê por esse motivo. Eleve seu amor ao nível espiritual e ele acalmará sua se instintiva.
A carência em ser amado, em ser querido por alguém, pode ser satisfeita a partir do momento em que nos dispomos a atender às necessidades de outros que se encontram na mesma situação
A carência, às vezes, decorre da posse que pensamos ter sobre as pessoas. Na aprendemos a amar sem possuir, sem libertar.
A dependência gerada pela satisfação superficial das carências leva o individuo a perder seus referenciais e limites. Toda dependência deseduca, como todo excesso vicia.
Quando você se sentir só, sem amor, sem nada que lhe motive a vida, você estará carente do amor da falta, que poderá mudar sua vida. Esse amor é aquele que você precisa urgentemente destinar algo ou alguém. Dê amor que ele nunca lhe faltará.
A maior carência que temos é a de amar verdadeiramente. Não a de sermos amados, mas de sabermos amar sem possuir. Ser amado sem amar incomoda menos que amar sem ser amado, pelo nosso estagio embrionário de evolução. Um dia saberemos amar sem exigir amor.
A realização do amor não permite a instalação do estado de carência naquele que ama.

(Extraído do livro “Amor Sempre” – Adenáuer Novaes)