segunda-feira, agosto 15, 2005

Cantinho das Mensagens

O PERFUME DO MÉDIUM

Apenas um pequeno registro para que possamos nos acautelar contra o julgamento que, por vezes, efetuamos das atitudes alheias. Nem sempre aquilo que nos parece ser, realmente é; muitas vezes, imaginamos nos outros o que não corresponde à verdade.
Havia determinado amigo que, há muitos anos atrás, freqüentava um grupo espírita que tive oportunidade de visitar diversas vezes. Esse amigo revelava-se assíduo freqüentador da casa; médium idôneo e responsável, trabalhava transmitindo passes nas reuniões do referido grupo.
Um dia em que visitávamos a casa para uma palestra, um dos seus diretores veio conversar conosco manifestando a sua preocupação com aquele companheiro que, ultimamente, vinha revelando atitudes estranhas. Estava arredio, de pouca conversa. O confrade nos solicitava para que conversássemos com ele, verificando o que podia estar acontecendo.
O preocupado dirigente acrescentava que o médium em questão parecia agora um tanto vaidoso; antes homem simples, começa a demonstrar certo traço de vaidade, inclusive passando a fazer uso de determinada colônia que chamava atenção de quase todos os freqüentadores da casa. Outrora, não se perfumava, no entanto estranhamente, passara a usar um perfume que recendia o ambiente...
Todos estavam preocupados; o companheiro não se explicava e, após a palestra que, de tempos em tempos, proferíamos, quando o nosso irmão veio conversar comigo de fato pude perceber a fragrância que dele se desprendia.
Estávamos praticamente a sós, na tribuna, e começamos a conversar, na esperança de ouvir dele alguma justificativa para aquela sua incompreensível mudança...
- Como é, João?!... – indaguei. Como é que vai a vida?... Você está cheiroso... Ele sorriu e respondeu-nos: - É, Ramiro, você deve estar estranhando... Eu já percebi que os companheiros da casa têm estranhado, mas, como ninguém me perguntou, também não disse nada a ninguém... Até porque, você sabe, sou muito reservado; mas já que você tocou no assunto, eu vou dizer a você. Aproximadamente há quatro meses, tive um sério problema de saúde que começou a me incomodar muito em casa; os meus familiares, minha esposa, meus filhos, diziam que estavam sentindo em mim um odor algo desagradável. Aquilo chamou-me a atenção e eu reparei que estava transpirando com abundancia.
Procurei o medico, porque eu próprio percebi que, de fato, deveria estar com algum problema, de vez que comecei a sentir um forte cheiro de suor emanado do meu corpo, mormente à noite quando tirava os sapatos e as meias. Procurei o médico e o médico suspeitou que eu estivesse com diabete. Fiz o exame e o diagnóstico estava correto; no entanto, com novos exames que me foram solicitados, o médico ainda diagnosticou um problema glandular muito sério. Estou com problema nas glândulas sudoríparas, nas glândulas que secretam o suor. Tenho tomado medicamentos, entretanto têm sido quase inócuos no meu caso, porque não temos um diagnóstico preciso sobre a causa do meu problema glandular. É por isso, Ramiro, que, de quatro meses para cá, a conselho médico estou usando uma água de cheiro para não incomodar ninguém, mas, pelo que estou percebendo, o perfume que passei a usar está incomodando mais as pessoas do que o cheiro do meu próprio suor...
Não pude deixar de sorri, ante a espontânea confissão do amigo, ficando, então, a pensar no quanto nós outros, enquanto na carne a até mesmo fora da carne, nos precipitamos na apreciação das atitudes alheias.
Como lhe disse no inicio, este é apenas um pequeno registro. Que possamos aproveita-lo, para que possamos aprender a viver com um pouco mais de sabedoria.

(Ramiro Gama)

(Extraído do livro “Mediunidade, Corpo e Alma- Carlos A. Baccelli- Espíritos Diversos)