terça-feira, setembro 06, 2005

Cantinho Espírita


MOISÉS APROVA A MEDIUNIDADE
De vez em quando, os espíritos são acusados de necromancia, de feitiçaria, de evocadores de mortos, de pacto com o diabo, e coisas semelhantes. Embora todas essas acusações já estejam demasiadamente desmoralizadas, há quem insista em repeti-las, através de boletins, jornais, revistas e livros. Assim, somos às vezes forçados a voltar a esses assuntos, para que as pessoas sem ligação com o movimento espírita e sem conhecimento da nossa Doutrina não se deixem iludir por tais (e não raramente ridículas) informações.
A necromancia era uma prática antiga da adivinhação, por meio da evocações, muito comum entre os hebreus, a tal ponto que Moisés se viu forçado a condená-la. Mas, o próprio Moisés soube diferenciá-la das práticas mediúnicas sérias, levadas a efeito por ele mesmo e os profetas, como vemos no episódio bíblico de Eldad e Medad, em Números, II 26:29. Lê-se, nessa passagem, Josué anunciar a Moisés que dois jovens recebiam espíritos e davam comunicações, e pedir-lhe que os proibisse de fazê-lo. O legislador experiente e perfeitamente cônscio da realidade do processo mediúnico, responde: “Que zelos são esses, que mostras por mim? Quem dera que todo povo profetizasse, e que o Senhor lhe desse o seu Espírito”.
Vê-se que Moisés não confundia, como o fazem algumas pessoas em geral investidas de missão religiosa, a comunicação dos Espíritos do Senhor, em que se apóia a Doutrina Espírita, com práticas condenáveis da adivinhação, da feitiçaria, e outras. Aliás, não se pode condenar a comunicação dos espíritos sem ao mesmo tempo condenar todas as religiões. Todas elas se assentam na relação do visível com o invisível, e a Bíblia, inclusive os Evangelhos, dão testemunhos inequívocos de comunicação de espíritos, em todas as formas conhecidas e estudadas pelo Espiritismo, em que se destacam as notáveis materializações de espíritos na Gruta de Endor e no Monte Tabor, além de especiais efeitos físicos provocados pelos profetas e pelo próprio Jesus.
O problema da “evocação dos mortos”, expressão de que lançam mão alguns desavisados exegetas terceiro-mundistas para atemorizar as pessoas simples (e complexas), não existe no Espiritismo. Primeiro, porque mortos são os corpos, que permanecem sepultados até sua total desintegração. Eles não podem ser evocados. O que se pode evocar é o espírito; este não está morto, mas bem mais vivo do que nós. Em segundo lugar, o Espiritismo só usou de evocação dos espíritos (que conservam, no Além, suas características éticas e intelectuais), quando necessitava estudar, pesquisar, analisar e identificar o problema da morte, até então cercado de uma parafernália de concepções ridículas e despropositadas. Era um processo cientifico posto em pratica por Allan Kardec, sob a égide do Espírito Verdade, prometido por Jesus quando pisou, compulsoriamente (“Eu vim porque o Pai me enviou”), a face sofrida deste planeta, onde prevalecem a insensatez e a maldade.
Quanto à acusação de “pacto com o demônio”, é simplesmente ingênua. Ninguém, de bom senso, pode acreditar que pessoas equilibradas, que levam a vida a sério, cumprem seus deveres e lutam por um mundo melhor e mais belo, se interessem por qualquer espécie de práticas que contrariem o primado da razão e da ética. A Doutrina Espírita apóia-se, essencialmente, no pensamento filosófico e no trabalho experimental do Mestre Jesus. Suas luminosas e transcendentais idéias e seu inequívoco procedimento cientifico sustentam todo o edifício doutrinário do Espiritismo. A verdade é que tentam, infrutiferamente, desacreditar o Espiritismo porque, na verdade, temem seus postulados, que põem por terra uma parafernália de ritos e concepções que faziam sucesso, sem duvida, nos idos da Idade Média, mas que, na atualidade se incompatibilizam com os avanços da ciência, a qual, cada vez mais evidencia a realidade dos princípios espíritas.

(Carlos Bernardo Loureiro, Revista Visão Espírita – Seda Editora – Ano 2- Nº 20 – Março de 2000)