Um pedacinho de Salvador
Patrimônio Histórico da Bahia
No Brasil colonial, o comércio desses quitutes era feito pelas escravas de ganho ou negras libertas. o acarajé era vendido nas ruas em tabuleiros que as escravas equilibravam sobre suas cabeças, enquanto iam cantando para atrair a freguesia. Com as vendas da iguaria, muitas delas conseguiam comprar sua própria liberdade.
O acarajé foi registrado no Livro dos Saberes pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), órgão do Ministério da Cultura. A partir de então a forma de prepará-lo e a figura da baiana, representante maior dessa arte, passam a ser consideradas uma riqueza imaterial do País.
O ofício de baiana é uma prática tradicional do preparo das chamadas comidas de azeite, com destaque para o acarajé e o abará.
Além de acarajé e do abará no tabuleiro das baianas, podem ser encontrados bolinho de estudante, cocadas, bolos. O acarajé é uma comida sagrada no culto afro.
O comércio de acarajé está não só ligado à cultura, mas também à religião. É uma das comidas oferecidas a Iansã, na tradição ketu, Bamburucema, no candomblé angola. Feito com feijão é chamado originalmente akará. Jê é o verbo comer em iorubá, daí que “acarajé” significa “comer acará”.
Essa divindade tem uma forte ligação com a atividade comercial, daí porque é tão lembrada pelas baianas que exercem o comércio de acarajé. Para muitas delas essa atividade é uma obrigação que simboliza seu respeito à Iansã.
No início, o feijão fradinho era ralado na pedra, de 50cm de comprimento por 23 de largura, tendo cerca de 10cm de altura. A face plana, em vez de lisa, era ligeiramente picada por canteiro, de modo a torná-la porosa ou crespa. Um rolo de forma cilíndrica, impelido para frente e para trás, sobre a pedra, na atitude de quem mói, triturava facilmente o feijão, com o passar do tempo, surgiram moinhos elétricos para facilitar o trabalho e muitas baianas compram o feijão quebrado.
O acarajé era servido em palha de bananeira apenas com pimenta, mas os clientes passaram a ficar mais exigentes e as baianas passaram a acrescentar novos recheios como salada, vatapá, camarão e caruru.
A rotina da baiana começa às 5 horas da manhã, quando vai à feira de São Joaquim. Na volta, deixa o feijão de molho, depois moer. Enquanto isso vão preparando os acompanhamentos do acarajé: vatapá, camarão, salada. E, claro também tem o abará. Às 17 horas ela está pronta para oferecer o acarajé que prepara. “O sacrifício vale a pena, pois acarajé tem que ser feito com consciência, com conhecimento e com dedicação”, destaca.
( Extraído do Jornal A TARDE)
NO TABULEIRO DA BAIANA TEM...ACARAJÉ!
ACARAJÉ
300 g de feijão fradinho;
1 cebola;
250 de camarões ferventados e descascados;
3 xícaras de azeite de dendê.
Sal.
Põe-se o feijão de molho na véspera.No dia seguinte, tira-se a pele e bate-se no processador ou na máquina para moer o mais fino possível, juntamente com a cebola e os camarões cozidos. Depois de bem moídos, passa-se no liquidificador ou bate-se com uma colher de pau até formar uma massa lisa e firme com incorporação de ar.
Coloca-se em uma frigideira o azeite de dendê. Quando ele estiver fervendo, tira-se uma colher de sopa da massa e põe-se para fritar. Retira-se com uma espumadeira e coloca-se sobre papel absorvente.
Depois de frito, o acarajé fica com uma tonalidade avermelhada por fora e branca por dentro.
Este bolinho deve ser servido com molho de pimenta-malagueta, molho de camarão seco, vatapá e salada (tomate e cebola picados).
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home