domingo, julho 22, 2007

Notícia

DESASTRES AJUDAM A AUMENTAR A AEROFOBIA

A tragédia com o avião da TAM pode agravar o estado de quem sofre com a aerofobia, um medo irracional de viajar de avião. As imagens chocantes do incêndio que se seguiu à colisão da aeronave com um prédio vizinho ao Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, podem disparar a ansiedade de gente que chega até ter medo de olhar a foto de uma aeronave. “Este era o caso de um dos meus pacientes”. Relata a psicanalista Analícea Calmon.
Os especialistas avaliam que o medo de voar é normal, mas o que causa preocupação é o sentimento de pavor irracional, relacionado à aerofobia, geralmente ligada a medo exagerado de lugares fechados e altura. O leigo, antes de se identificar com os sintomas da aerofobia, deve observar o seu grau de ansiedade, ao enfrentar o “desafio” de viajar de avião.
A palavra–chave para entender o que passa na mente de alguém que simplesmente não consegue embarcar numa aeronave, ainda que tenha compromissos pessoais ou profissionais, é “angustia”. Se o sentimento é paralisante, e nada faz com que a pessoa entrar num avião, a dica é consultar ajuda especializada, o que pode ser conseguido com terapia ou mesmo medicamentos contra ansiedade.
O psicanalista Pablo Sauce observa que a procura por um profissional especializado deve ocorrer apenas quando a pessoa não consegue resolver o problema sozinha. Ele avalia como valida a estratégia de tomar uma dose de uísque antes de enfrentar a viagem, mas sem exageros. Mas ele desaconselha a ingestão de medicamentos por conta própria, algo que não deve ser feito sem acompanhamento medico.
Após acidentes de grande proporção, as pessoas tendem a ter medo de avião, por conta das fortes imagens constantemente veiculadas na internet, ou mesmo na televisão, mas uma visão racional em torno do assunto, e uma auto-observação relativa aos padrões de ansiedade podem ser o caminho para a solução do medo paralisante em relação ao transporte aéreo, avaliam os especialistas.

AGRAVANTES

Para especialistas, esse desastre de proporções cinematográficas instigam o imaginário coletivo de forma inédita, intensificando ou criando medos. Sempre alarmados com turbulências e ruídos estranhos, brasileiros com medo de voar agora vêem o leque de medos crescer após o intervalo de 10 meses entre os dois piores desastres aéreos da história do País.
Para o piloto aposentado da Força Aérea Luiz Alberto Bohrer, que tem uma empresa de assessoria de segurança de vôo, as pessoas têm medo do desconhecidos e, por isso entram em pânico com turbulências rotineiras e outros barulhos normais em um vôo.
“Depois de acidentes desses, aqueles que já têm medo ficam aguçados e, automaticamente associam seus próprios fatores de medo com o desastre”, disse a psicóloga Patrícia Kortlandt, que atende pilotos e tripulantes em situação pós-traumáticas, afirmou que os brasileiros sempre tiveram orgulho do sistema de aviação do País, mas tudo mudou após a grave crise da Varig há alguns anos, seguida pelo acidente de setembro e pelo caos nos aeroportos.

(Luiz Souza e Reuters- Texto extraído do Jornal A Tarde)