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A solução não está na comida
De acordo com especialistas da psicologia, o medo pode até causar, em muitos momentos, uma diminuição temporária da fome. Por outro lado, a sensação pode ser a base de um problema bastante relacionado à obesidade e que pode chegar a ter graves conseqüências: a ansiedade.
Obesidade e ansiedade têm uma relação bastante próxima. A pessoa ansiosa usa a comida como válvula de escape, comportamento que até tem justificativa. "Alguns alimentos realmente produzem efeito no sistema nervoso, como o caso do chocolate, por exemplo", explica a psicóloga Karen Camargo.
Mas, para compreender melhor a participação da ansiedade nos fatores que levam ao sobrepeso é preciso, antes, entender como a doença age.
"Medo é uma reação natural diante de um perigo real, concreto. Este sentimento leva a pessoa a tomar algumas atitudes, como lutar ou fugir. É uma emoção muito útil para a sobrevivência. A ansiedade é semelhante, mas, diante de uma situação imaginária. É voltada para o futuro", explica o psicólogo Marco Antônio Tommaso, da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso) e das agências de modelo Elite e L'Equipe.
"As duas condições têm ligação quando estamos ansiosos, apreensivos, preocupados, temerosos sobre algo que está por acontecer. A ansiedade se relaciona com o perigo, o incerto. Algumas situações que a envolvem são: perda de emprego, medo de perder pessoas importantes, de não conseguirmos ser felizes ou bem sucedidos. Podemos dizer, portanto, que quando estamos ansiosos, estamos com medo de algo", completa Karen.
A ansiedade pode se manifestar em diversos níveis, podendo evoluir para transtornos, como o TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo); fobias; terror; TAG (Transtorno de Ansiedade Generalizada); preocupações excessivas e estresse pós-traumático, entre outros.
"Além disso, também causa reações físicas (sudorese, tontura) e comportamentais, como, por exemplo, evitar situações que provoquem ansiedade. Entre as maneiras de lidar com ela estão, entre outras, o fumo, o uso de drogas (desde lícitas até proibidas) e a compulsão alimentar", completa Tommaso.
A comida como desvio
Quem sofre de ansiedade costuma comer para preencher o vazio emocional que sente e para tentar distrair-se do foco de preocupação que está incomodando. O problema é que não há limites. "Na compulsão alimentar há ingestão de uma quantidade grande de alimentos em um período curto de tempo. Acontece de maneira desordenada, sem controle, sem mastigar. Come-se não só para ter um alívio, mas até ficar empanturrado", alerta o psicólogo.
Na compulsão, há um comprometimento de comportamento, entra-se em um processo de culpa muito grande", completa Tommaso.
O problema se torna, também, uma barreira para quem está em processo de emagrecimento. De acordo com o psicólogo, qualquer esforço para perder peso é comprometido se, primeiro, não for controlada a compulsão alimentar. E esta é uma ação que deve partir da própria pessoa.
"Se ela conseguir identificar o primeiro impulso, pode tentar ganhar tempo fazendo uma atividade que lhe dê prazer. Há um número muito grande de pessoas que fazem dieta e têm compulsão. Quanto maior o sobrepeso, mais fácil de desenvolver a compulsão. É um problema que inviabiliza o emagrecimento, além de ter outras conseqüências. Não adianta só fazer dieta, tem que cuidar da ansiedade também", orienta Tommaso.
A solução é enfrentar
A ansiedade, hoje, atinge a homens e mulheres em uma proporção semelhante. Mas existem pessoas mais suscetíveis à doença. "Aquelas que tendem a ser controladoras costumam ser mais ansiosas. Além disso, situações incertas, que não podemos prever, são situações bastante ansiogênicas", explica a psicóloga.
Geralmente, quem sofre de ansiedade costuma fugir destas situações. Se existe, por exemplo, uma fobia por estar rodeado de pessoas, evita-se uma reunião social. "Esse comportamento não leva a pessoa a vencer a ansiedade. A melhor forma é, em primeiro lugar, identifica-la. Depois, se expor gradualmente a ela, fazer uma hierarquia das situações que a promovem. Ao se avançar uma porção por dia, tem-se a chamada habituação. Se, por exemplo, tem-se medo de um filhote poodle, é aconselhável ir a um pet shop, circular, se aproximar dele. Até que um dia já passa a mão na cabeça", orienta o psicólogo.
"Cada pessoa encontra sua maneira de administrá-la. Alguns exemplos são a prática de exercícios físicos, relaxamentos, atividades que geram prazer como hobbies. Já os Transtornos de Ansiedade prejudicam imensamente a qualidade de vida do paciente e, neste sentido, há necessidade de buscar tratamento médico e psicológico", finaliza Karen.
(Xenicare -Publicado em 08/08/2007
Especialistas Consultados
Marco Antônio Tommaso
Karen Camargo
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