sábado, julho 29, 2006

Cantinho da Poesia


DEIXAR QUE DO CAOS NASÇA A ORDEM

O riso explode fácil no peito...
Riso de alegria, de nervosismo,
de escárnio, de falsidade.

Afivelamos nossas máscaras
dia após dia.
E temos várias delas,
uma para cada ocasião.

Vestimos a máscara da alegria,
quando o coração chora de dor.
Vestimos a máscara da amizade,
quando no coração explode o rancor.
Vestimos a máscara da gentileza,
quando em nosso coração
brota o amargor.

Vestimos máscaras
para cada situação
e terminamos por não saber
qual a nossa verdadeira feição.

Nos treinamos tanto para a falsidade,
para esconder a fealdade
existente dentro de nosso coração,
que quando procuramos por nós mesmos
ficamos sem saber a razão
de não nos encontrarmos.

Qual destes sou eu realmente?
Aquele que canta, que ri, que dança,
que ama a vida?
Ou aquele que chora, que se arrasta,
que resmunga, que faz trapaça
para que dele tenham dó?

Teatralizamos cada momento.
Vivemos um personagem a cada dia.
E, depois, ficamos reclamando
da nossa vida vazia.

Mas a vida não é vazia...
Ela é plena de luzes,
cores, sons, movimentos.
Vazios somos nós,
seres ocos de bons pensamentos,
preenchendo o vazio com lamentos,
e vestindo nossas máscaras.

Máscaras de euforia?
Máscaras de hipocrisia...
Máscaras de amor?
Máscaras de desamor...
Máscaras de amizade?
Máscaras de falsidade...

E seguimos nós
Tão vazios...
Tão pobres...
Tão tolos...

Mas sempre é tempo de reagir.
Basta ter coragem,
pulso firme para não desistir.
Jogar fora todas as máscaras
usadas, carcomidas, enferrujadas.

Deixar que do caos nasça a ordem;
Deixar que do velho surja o novo;
Deixar que no vazio brilhe a luz;
Deixar que no coração brote o amor;
Deixar que desabroche um novo ser
que irá, nesta nova forma,
aprender a viver.

(Irmão Kadú)