terça-feira, março 14, 2006

Cantinho das Mensagens



CASTRO ALVES
ANTONIO FREDERICO DE CASTRO ALVES nasceu em Muritiba, Bahia, em 14 março de 1847 e faleceu em 6 de julho de 1871 em Salvador. Fez seus primeiros estudos na capital baiana, onde foi colega de Rui Barbosa. Iniciou os estudos jurídicos no Recife, foi condiscípulo de Tobias Barreto, a quem se opôs, em duelos intelectuais que emocionaram os meios literários e até mesmo a cidade.

Datam dessa época seus amores por Eugênia Câmara, atriz portuguesa, a quem deveu em grande parte o estimulo na sua carreira literária. Interrompeu o curso para prossegui-lo em São Paulo, onde de novo seria colega de turma de Rui, mas não chegou a se formar. Já, então, se haviam manifestado os sintomas iniciais da tuberculose que aos poucos se agravaria, acabando por vitimá-lo aos 24 anos. Dois anos antes fora obrigado a amputar o pé esquerdo, ameaçado de gangrena, em conseqüência de um disparo acidental de espingarda.

Adolescente ainda, experimentou a consagração literária através, entre manifestações outras, de uma carta de Machado de Assis a José de Alencar, a quem o romancista de "0 Guarani" havia recomendado, quando da passagem do poeta pelo Rio de Janeiro. Pouco antes de morrer, publicou "Espumas Flutuantes", (1870) Teve acidentada vida amorosa, daí seus arrebatados poemas românticos. Pôs seus versos a serviço das causas sociais de seu tempo, sobretudo do Abolicionismo. Os acentos eloqüentes e exuberantes de sua obra, filiam-no ao chamado Condoreirismo.

Escreveu:

"Espumas Flutuantes", escrita em 1870; "Gonzaga ou a Revolução em Minas", (1875); "Cachoeira de Paulo Afonso", (1876); "Vozes, D'África" e "Navio Negreiro", (1880); "Os Escravos", (1883), etc. Em 1960 publicou-se sua Obra Completa, enriquecida de peças que não figuram nas Obras Completas de Castro Alves, editadas em 1921.

Castro Alves foi um discípulo de Victor Hugo a quem chamava "mestre do mundo, sol da eternidade". Poeta social, lírico, patriótico, foi um dos primeiros abolicionistas e, ao poetar sobre a escravidão, inflamava-se eloqüentemente, chegando a elevar-se pelo arrojo das metáforas, pelo atrevimento das apóstrofes, pelas idéias do infinito, amplidão, pelo vôo da imaginação, o que motivou o título dado por Capistrano de Abreu de "condoreiro", que comparou sua poesia ao vôo de um condor.

Castro Alves amou o oprimido com sentimento de justiça sendo este o traço básico da sua personalidade. A desarmonia da alma romântica não é produzida, segundo ele, por conflitos do espírito mas por conflitos entre o homem e a sociedade, o oprimido e opressor. É uma nova forma da existência da dualidade romântica do bem e do mal. A sua tese social é trazida muito abstratamente e será o primeiro exemplo de literatura "engage" que se vê no Brasil.

O ideal para Castro Alves é o gênio (homem) símbolo das lutas pela justiça e pela libertação. Vive seu espírito em constantes conflitos à procura de soluções. Esse ideal faz com que o poeta busque na retórica a sua forma de expressão que muitas vezes se apresenta vazia e sem nexo, apoiada apenas em combinações sonoras. Esse abuso é uma influência da época que muito prestigiava a oratória. Um defeito a ser apontado no seu estilo é o abuso e a superposição de imagens e de aposições. Porém, alcança um belo sublime, bem distante das banalidades românticas.

Enquanto outros poetas como Gonçalves Dias, tomam o índio como herói, tomou Castro Alves o negro, nada estético, tido como de casta inferior na sociedade, sem nenhum valor mítico. 0 índio foi um herói bem mais fácil de ser forjado, pois existia apenas como mito, não participava da sociedade e tinha valor heróico, por causa da sua tradição guerreira. Assim, o negro, em Castro Alves, é quase sempre um mulato com feições e sensibilidade de um branco. 0 amor será tratado como um encantamento da alma e do corpo e não mais como uma esquivança ou desespero ansioso dos primeiros romances.

(Virtualbooks)