segunda-feira, junho 12, 2006

Cantinho Espírita


É HOJE, O DIA DOS NAMORADOS?
E os outros dias, são dias de quê? Rosas, alguns presentes, visitas a motéis e, depois brigas, dissensões, ódios disfarçados, quando não traições que oprimem e até enlouquecem. E seguem os dois, dois estranhos, que pouco a pouco vão perdendo a naturalidade de pedir, de acarinhar-se, e até o ato simples de abraçar-se perde a espontaneidade. E, solitários, cada um vai na busca das suas prioridades (esquecidos que, um dia, um já foi a prioridade do outro) nesse desgaste tão próprio dos relacionamentos onde o sexo foi o carro chefe. Habitam, estes dois solitários, o mesmo teto.
Já se perguntaram, cada um de vocês, do por quê do macho e da fêmea?
Já se perguntaram, cada um de vocês, do por quê da graça feminina e da rudeza masculina?
Já se perguntaram, cada um de vocês, do por quê da intuição feminina e da praticidade masculina?
Já se perguntaram, cada um de vocês, do por quê do choro de um e da ira do outro?
Ah! dois seres desconhecidos, por que não procuram por estas descobertas?
Já tentou saber do por quê do excessivo silêncio daquele que coabita com você?
E você outro, já se perguntou do por quê do excessivo silêncio daquela que, naturalmente, é pródiga no falar?
Oh! o que fazem vocês, dois estranhos que buscam prioridades nas efemeridades, quando suas verdadeiras prioridades estão aí, bem ao lado de vocês, na cama, à mesa, no automóvel...
Ainda se lembram da última vez em que suas mãos abraçaram-se numa conversa amiga?
Ah! e chamam este dia de Dia dos Namorados...
Uma palavra a você mulher: O homem não é, e nunca será aquilo que você pensa que ele é.
Uma palavra a você homem: A mulher não é, e nunca será aquela que você pensa que ela é.
Ela é o que é.
Ele é o que é.
Agora pergunto: Por que se conhecem tão pouco?
Falta-lhes vontade? Disposição?
E querem, ambos, ser felizes?
Não me revisto de autoridade alguma nisto que escrevo, é que me dói na alma ver tantos desencontros embalados por tantos sonhos e o fato de que sempre culpamos outrem, sem pesarmos o quanto pesados somos.
Não pensem que sou um espírito masculino, pois sou um feminino. E, na severidade aparente daquilo que escrevo, estão os olhos daquela que, mais do que todos vocês, enxerga as almas. E quanto lamentam estes olhos por isto, ao ponto até de eu desejar que fossem eles cegos...
Oh! Deus que ouve as minhas preces, o quanto é urgente mudarmos, pois se os freios antes eram os dos costumes, agora terão que ser os do conhecimento. É urgente mudarmos antes que nos tornemos apenas machos, apenas fêmeas, num eterno cio, como é próprio dos seres que adquiriram a liberdade pela razão.
Que os poetas voltem!
Apenas um abraço e, se possível, compreensão para esta que o tempo todo em que ditou tais linhas, esteve a chorar. E que nestas palavras nenhum de vocês veja revolta mas, tão somente, paz.
Ah! o quanto eu peço que as afinidades voltem...

(Um irmão de luz)