domingo, agosto 20, 2006

Cantinho das Mensagens

CONHECE-SE AS ÁRVORES PELOS FRUTOS

Desde que haja bom senso

Naquela sua notável missão pregando um novo modelo de vida para o homem, sobretudo alertando veementemente contra a hipocrisia e o falso moralismo, Jesus alertou, segundo nos relata os evangelistas, o “conhece-se a árvore pelos frutos”, obviamente, no seu estilo de falar por parábolas, que não se referia apenas a uma arvore vegetal, formada de tronco, galhos e folhas, que oferecessem laranjas doces e saudáveis, tangerinas, mangas e outras frutas boas, não venenosas naturalmente, que fizessem bem às criaturas. Na abrangência mais profunda do ensinamento ele quis referir-se às idéias, aos homens, às criaturas e as coisas de um modo geral.

Na explicação mais clara, dir-se-ia: Conhecemos uma idéia pela sua proposta de fazer o bem ou o mal, conhecemos o homem pelo seu caráter de fazer o bem ou o mal, conhecemos uma coisa qualquer pela sua natureza de ser boa ou má.

Isto quer dizer que qualquer pessoa que tenha bom senso, antes de julgar se determinada coisa é boa, para enfim determinar se a “árvore” é boa, deve procurar conhecer os seus objetivos, as suas razões de ser, a sua essência, natureza e intimidade principalmente.

Traduz-se no seguinte: eu não posso julgar e tirar conclusões sobre uma idéia, uma pessoa ou uma coisa se eu não me disponho, antes, a conhecer essa idéia, essa pessoa ou essa coisa.

Alto lá! Eu estou falando em conhecer, não estou falando em achismo, em idéia pré concebida, em vaga idéia, em conceitos formados com base em “disse-me-disse”, em informações superficiais... nada disto. É por isto que coloquei um subtítulo na matéria: “Desde que haja bom senso”.

Existem muitos pseudos sábios neste mundo, metidos a saber tudo, a conhecer tudo e a ter a presunção do conhecimento da verdade absoluta sobre tudo e sobre todas as coisas. É uma exposição ao ridículo, mas a cara de pau impera neste mundo onde, infelizmente, as platéias também não se dispõem muito a raciocinar. Já que o ditado antigo afirma que “em terra de cego que tem um olho é rei”, esses arautos da imbecilidade cultural continuam a imperar.

Respondendo a E-mails, da Internet, de pessoas que deliberadamente me mandam mensagens na pretensão de “fazerem” a minha cabeça conforme as suas, conseqüentemente objetivando me converter ao segmento religioso que elas participam, por julgarem ser a “única” certa, tenho verificado afirmações as mais absurdas contra a doutrina que eu professo, que é o Espiritismo.

Quando eu não tenho tempo eu não costumo responder a esse tipo de mensagem não, mas na maioria das vezes respondo sim, primeiramente para sentir o caráter da pessoa que está do outro lado. Se eu observo que ela está tecendo conceitos com base em um desconhecimento da idéia sobre a qual está criticando, ou seja, pela sua ignorância, mas é uma pessoa honesta para consigo mesmo, que não quer cometer a burrice de enganar a si mesma, e se dispõe a conhecer o que verdadeiramente é aquilo que ela critica, mesmo que continue sendo contra, aí eu do continuidade ao diálogo, a troca e Emails; mas quando deparo com uma pessoa tapada, daquele tipo que não tem o menor interesse em conhecer a coisa, sobre a qual insiste em criticar, em ser contra, em falar mal, em condenar e a odiar, apago os Emails, elimino aquele endereço da minha agenda e não vou mesmo perder tempo, porque seria a mesma coisa que tentar converter aos índios Caetés, da Bahia, na época do descobrimento, que Caramuru não era deus nenhum e sim estava usando uma arma que provocava fogo por causa da explosão da pólvora.

Quando eu sugiro que a pessoa deva conhecer a idéia sobre a qual critica, não quero dizer que ela tenha que aceitar essa idéia, tenha que concordar com essa idéia ou tenha que converter-se a essa idéia, caso estejamos falando em termos de religião. Quero falar de bom senso, alertando-a que a disposição de falar sobre o que não entende, julgar quem não conhece, condenar o que não sabe é uma prática de mau caratismo, pouca vergonha, descaramento, cinismo, presunção, sujeira, desonestidade e até crime.

Se eu não tenho tempo e não me disponho a conhecer uma filosofia, doutrina, pessoa ou uma proposta então o bom senso me recomenda que eu não emita qualquer opinião e qualquer conceito a respeito dessa filosofia, doutrina, pessoa ou proposta.

Claro que eu também, em nome do mesmo bom senso, não devo dar uma de político e ter que ser a favor, concordar, elogiar, aprovar e absorver a coisa só para agradar aqueles que são adeptos ou favoráveis a ela. Seria irresponsabilidade também.

Quando eu julgo o que não conheço estou me colocando em um nível dos mais baixos, do ponto de vista moral.

Conhece-se a árvore pelos frutos que ela dá.

Essas mesmas pessoas, que me mandam Emails, costumam condenar várias culturas, filosofias, costumes e práticas que existem no mundo. Geralmente identificam-se como “crentes”, presunçosamente qualificados como “evangélicos”.

Condenam a maçonaria, a seicho-no-iê, a maçonaria, a rosa cruz, o yoga, o induismo, o budismo, o espiritismo, o espiritualismo... enfim, condenam tudo o que não seja necessariamente conforme a cabeça do pastor da sua igreja. Não estou nem falando na cabeça dos pastores protestantes de um modo geral, porque na sua presunção acha que somente aquela rotulação da igreja a qual pertence tenha a verdade.

Com a mesma conduta agem alguns católicos intolerantes e radicais.

É aí que eu faço o questionamento:

Você deve ser uma pessoa possuidora de uma gigantesca e supra normal cultura, já que conhece profundamente a seicho-no-iê, o yoga, o budismo, o espiritismo e todas as filosofias que existem no mundo, coisa impossível ao homem normal conhecer, haja vista que só para conhecer, bem, uma... apenas uma... destas filosofias, é necessário que a pessoa estude e conviva com afinco durante anos, imagine conhecer todas.

Conhece-se a árvore pelos frutos.

Eu, por exemplo, não conheço a Maçonaria, nunca li os seus manuais, nunca participei de nenhuma reunião maçônica, apesar de já ter recebido, por mais de uma vez, convite para entrar na comunidade.

O que eu faço, quando me perguntam se eu aprovo ou reprovo a maçonaria?

Não posso ser uma pessoa de mau caráter, para aprovar ou reprovar o que eu não conheço.

Recorro a Jesus: “Conhece-se a árvore pelos seus frutos”.

Revejo todas as experiências que eu, Alamar Régis, tenho em relação às pessoas maçons, e tiro as minhas conclusões, ainda superficiais, que não me dão ainda o direito de julgar e estabelecer um conceito definitivo.

Em nenhum dos homens, com os quais convivi, que tive conhecimento de serem maçons, ao longo de todos estes anos, eu vi qualquer atitude desonesta, suja, picareta e mau caráter. Já fui passado para trás, roubado, injuriado, caluniado, agredido e até torturado por muitas pessoas, mas nunca nada de mal me foi proporcionado por alguém que fosse maçon.

Talvez seja uma coincidência em meu caso, o que não queira dizer que seja exatamente a realidade que viveu ou que vive você que está lendo esta matéria.

Já que ensinamento de Mestre é para ser aprendido e, obviamente, colocado em prática, eu tenho que me recorrer aos ensinamentos de Jesus, com respeito à arvore e aos frutos: Que conclusão eu tenho que tirar acerca de uma filosofia ou uma proposta de vida, sobre a qual todos os praticantes que eu tenho visto, ao longo de muitos anos, nunca me fizeram mal, nunca eu os vi fazer mal a ninguém, sempre se relacionaram bem com as suas famílias, sempre foram homens bons?

Serei eu honesto se, diante de uma evidência desta, sair por aí a dizer que a Maçonaria é coisa de “satanás’, coisa maligna e coisa condenável?

Desculpe-me, mas eu não me perdoaria por tamanha burrice.

É claro que eu não vou sair por aí fazendo propaganda e dizendo as maiores maravilhas do mundo acerca da idéia, porque eu não a conheço profundamente. O que posso dizer, dentro das limitações do bom senso, é que a impressão que eu tenho é a melhor possível, porque os frutos que me deram aqueles seus praticantes, ao longo de anos, foram somente frutos bons.

Tracemos um paralelo em relação aos crentes e aos adeptos da quevedologia que vivem um objetivo único na vida que é atacar e condenar o Espiritismo.

Suponhemos que eles queiram, também, se utilizarem do bom senso e da honestidade consigo mesmo, antes de tirarem as conclusões:

A primeira coisa que eu faria, se estivesse em seus lugares, era procurar conhecer o que é o Espiritismo, dando uma olhada, por exemplo, no livro “O Evangelho, segundo o Espiritismo”, já que este é o mais próximo do aspecto religioso, já que as suas condenações acontecem por motivos religiosos.

Se você observar o referido livro, da primeira à última página, não encontrará uma proposta sequer, que proponha ao homem fazer algum mal a alguém. Não encontrará uma frase, sequer, que recomende, endosse ou passe alguma idéia do homem praticar algum ato de maldade ou mau caratismo. Muito pelo contrário, vai encontrar o livro inteiro dizendo exatamente aquilo que foi a essência do ensinamento de Jesus: “Amemos uns aos outros”, “não julgueis para não serdes julgados”, “não critique o argueiro no olho dos outros, já que você tem uma trava no seu”, “quem com ferro fere com ferro se ferirá”, “evitem o orgulho e o egoísmo, pratiquem a humildade”, “pratiquem a Caridade”, “Dê de comer a quem tem fome, de beber a quem tem sede, de vestir a quem está com frio”, alerta-nos contra os falsos profetas, a hipocrisia e o falso moralismo com a mesma ênfase que Jesus se referiu a essas coisas, tenhamos paciência, indulgência, benevolência, caridade e amor pelo nosso próximo; recomenda-nos a não praticar a vingança, o ódio, o duelo, a cólera... enfim, todos os ensinamentos são nesta linha.

É aí que eu pergunto: Os frutos de uma árvore desta são ruins?

A doutrina nos recomenda que o maior modelo e guia que devemos seguir é Jesus.

Como é que pode alguém condenar uma árvore desta?

Que nível de inteligência e bom senso tem alguém que condena e até odeia uma árvore desta?

É bem verdade que no movimento espírita, também, existem as contradições com a proposta da doutrina, existem pessoas baixas, más, mal intencionadas e até que praticam mal aos outros. Mas o comportamento de determinadas pessoas não pode se traduzir em responsabilidade imputada à Doutrina que ela se dizem adeptas.

Se religião é ligação com Deus, sinto muito, mas a esse “deus” de incoerência, intolerância, radicalismo, falta de bom senso e irracionalidade eu não quero estar ligado. Prefiro me posicionar como ateu.

O Deus que quero estar ligado, sempre, é o Deus que nos enviou o Cristo que nos ensinou exatamente essas coisas que relatei aqui, que estão no “Evangelho, segundo o Espiritismo” e que estão, do mesmo jeito, nos Evangelhos mais conhecidos.

Bom senso não faz mal a ninguém.

(Alamar Régis Carvalho-alamar@redevisao.net)