Cantinho dos Estudos
OBSESSÃO TELEPÁTICA
Como vimos, fenômenos anímicos são aqueles produzidos pela alma do homem encarnado. Aksakof escreve os quatro tipos e ação extracorpórea do homem vivo 1) aqueles que comportam efeitos psíquicos (telepatia, impressões transmitidas a distância); 2) os de efeitos físicos (fenômenos telecinéticos, transmissão e movimento à distância); 3) os que determinam o aparecimento de sua imagem (aparecimento de duplos); 4) aqueles em que há o aparecimento de sua imagem com certos atributos e corporeidade (ele é visto em dois lugares ao mesmo tempo).
Temos, assim, muitas ocorrências que podem resultar nos fenômenos mediúnicos de efeitos físicos ou de efeitos intelectuais, com a própria inteligência encarnada comandando manifestações ou delas participando com diligência, numa demonstração de que o corpo espiritual pode efetivamente desdobrar-se e atuar com os seus recursos e implementos característicos, como consciência pensante e organizadora, fora o corpo físico.
Essa capacidade de sair fora do corpo e atuar como espírito livre também pode ser empregada em condutas patológicas. Nesse caso, estamos diante da obsessão anímica, a influência negativa de almas encarnadas entre si.
Uma dessas modalidades é a obsessão anímica telepática, que se traduz pela guerra de pensamentos, “ assumindo as mais diversas formas de angústia e repulsão”. E é muito mais comum do que podemos imaginar.
John Herenwal descreve os casos de sua clínica psicanalítica referentes à obsessão telepática. Um deles é o de um rapaz rejeitado por companheiros de pensão. O detalhe importante é que essa rejeição não era fácil de ser detecta a porque tinha caráter oculto, pois todos fingiam apreciá-lo. Com o afastamento do paciente do local, a mudança de ambiente fez com que os sintomas obsessivos desaparecessem, gradualmente, na proporção em que os “amigos” o esqueciam.
Refere-se André Luiz a um caso de dominação telepática em Nos Domínios da Mediunidade.
O casal janta na companhia das três filhas. O marido está alheio à conversação que se faz animada em torno a mesa, mantém ar de enfado, olhar distante. Após ler os jornais, prepara-se para sair. A mulher fica decepcionada, esperava que ele ficasse para as preces que fariam em conjunto, logo mais. Nesse momento, surge em cena à frente dos olhos do marido, uma surpreendente imagem de mulher projetada sobre ele à distância, aparecendo e desaparecendo, com intermitências. Apressado, ele despede-se e sai, alegando negócios e compromissos. A esposa não acredita e intui que os compromissos sejam com outra mulher. À medida que a dona a casa a identifica mentalmente e passa a produzir pensamentos hostis em relação a ela, a mesma imagem de mulher que aparecera para o marido começa a surgir à sua frente, até se tornar inteiramente presente. Ambas entram em franca contenda mental, trocando mútuas acusações como autênticas inimigas.
Nesses casos de influência telepática, o fenômeno está relaciona o com a sintonia.
O assistente Áulus adverte “Muitos processos de alienação mental guardam nele as origens. Muita vezes, dentro do mesmo lar, da mesma família ou da mesma instituição, adversários ferrenhos do passado se reencontram. Chamados pela Esfera Superior ao reajuste, raramente conseguem superar a aversão de que se vêem possuídos, uns à frente dos outros, e alimentam com paixão, no imo e si mesmos, os raios tóxicos da antipatia que, concentrados, se transformam em venenos magnéticos, suscetíveis de provocar a enfermidade e a morte. Para isso, não será necessário que a perseguição recíproca se expresse em contendas visíveis. Bastam as vibrações silenciosas de crueldade e despeito, ódio e ciúme, violência e desespero, as quais, alimentadas, de parte a parte, constituem corrosivos destruidores”.
Milhões de lares podem ser comparados a trincheiras de lutas, em que pensamentos guerreiam pensamentos com angústia e repulsão.
Em Obreiros da Vida Eterna, o assistente Barcelos, benfeitor espiritual também ligado à psiquiatria iluminada, traz, do mesmo modo, importantes ponderações sobre a influência de encarna os entre si. Refere-se às obsessões do plano espiritual que passam para a existência terrestre e são vivencia as dentro dos lares. “Os antagonismos domésticos, os temperamentos aparentemente irreconciliáveis entre pais e filhos, esposos e esposas, parentes e irmãos, resultam dos choques sucessivos a subconsciência, conduzida a recapitulações retificadoras do pretérito distante. Congregados de novo, na luta expiatória ou reparadora, as personagens dos dramas que se foram, passam a sentir e ver, na tela mental, dentro de si mesmas, situações complicadas escabrosas de outra época, malgrado os contornos obscuros da reminiscência, carregando consigo fardos pesados e incompreensão, atualmente definidos por ‘complexos e inferioridade’”.
Barcelos ressalta ainda que o encarnado, nessas condições, é um forte candidato à loucura, porque não sabe explicar as recordações imprecisas que brotam do passado no presente e não conta também com o auxílio de psiquiatrias e neurologistas, muito presos ainda às convenções da medicina ortodoxa. Segundo crê, falta-lhes a água viva da compreensão e
a luz mental que lhes revela a estrada da paciência e da tolerância, em favor a redenção própria.
E pode haver ainda um agravante. Como reconhece Aksakof “Nos fatos da telepatia é freqüentemente difícil precisar o momento no qual o fato anímico se torna um fato mediúnico”. Daí, observarmos, muitas vezes, nos casos de obsessão telepática, a participação de desencarnados de condição inferior, agravando e muito o quadro patológico inicial.
Dra. Marlene Nobre e a força do pensamento
Associação Médico-Espírita do Brasil